Ela abriu os olhos. E os fechou novamente. Maldita realidade. Ela queria voltar, sonhar de novo. Lá era bom, quente, confortável... No sonho tudo brilhava, tudo era perfeito, tudo do jeito que ela queria.
Mais uma desilusão, mais uma vez ela via que a realidade batia na cara, com um soco inglês pontiagudo. Por que com ela tinha que ser assim? Por que não podia acontecer como ela gostaria? Como sonhava?
E como toda mulher, ela acorda. Um dia fora uma pequena menina. A princesinha do papai. E agora esse mesmo pai não a olhava nos olhos. Como toda mulher ela juntava forças para encarar a vida lá fora, na selva de pedra, teria que sorrir para se manter forte. Se manter acordada, sem escorregar pros seus sonhos perfeitos.
Ela levantou, abriu as janelas e sentiu o sol quente, respirou o ar tóxico das ruas.
- Bom dia, amável inferno.
C.S.Rocha
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