segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Baú

Lisa, olhando fixamente para o nada, andava sobre o frio e úmido chão de madeira velha do porão, apenas falhando os passos pela instabilidade do piso. Muitos, no lugar dela, teriam os batimentos acelerados pelo mais sutil ruído, talvez até imaginassem coisas fora da realidade. Mas ela não, ela sabia que a mais cruel realidade estava fora dali. A luz piscante, quase deixando de funcionar, não a assustava mais. Era apenas uma estética, baseada em filmes de terror, para afastar curiosos que não suportariam o mínimo contato com o que realmente havia de importante.

Afastando algumas teias de aranha, tirando com as mãos a poeira que cobria o velho baú, encontrou um buraco de fechadura. Ignorou-o, afastando-o do chão, onde encontrou um quadrado de madeira que soltou facilmente, estava ali a verdadeira abertura. As emoções de Lisa, antes controladas, agora começavam a tomar conta do seu ser. As mãos começavam a tremer, mas tentou afastar de sua cabeça aqueles pensamentos que não levariam a nada, ela precisava fazer aquilo. Por alguns instantes, pensou em sua casa, nos olhos de sua filha, antes tão inocentes, tomados pelo medo e pelo caos. Sentiu-se culpada, e sabia que por isso precisava continuar.


Ao abrir o baú, encontrou o objeto que, por seu poder, a assustava. Mas agora, não tinha nada a perder, precisava fazer aquilo, por ela mesma, e principalmente, por sua filha. Pegou-o nas mãos, admirando-o por alguns segundos, e então guardou cuidadosamente no bolso. Respirou fundo, de olhos fechados, e depois os abriu. Voltando-se novamente para a porta pela qual entrara. Saiu, riscou um fósforo e observou a casa toda queimar.
Agora, estava em suas mãos...mas não faria o que era certo, faria justiça. Entrou no carro, ajustou os espelhos, e viu uma figura que a trouxe lembranças terríveis, que ela pensou ter conseguido enterrar. Era conhecida, mas ela não queria que fosse...


Sentindo a lâmina de uma faca em seu pescoço, tentou se virar sem sucesso.


- Não achou que eu lhe deixaria sozinha, achou? 



Vieira, Claridad.



2 comentários:

  1. É muito frequente, nos textos , a repetição da conjunção adversativa mas. Para evitar tal repetição, substitua-a sempre pelas adversativas porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto. Fica a dica...Uma boa saída para tornar um texto mais rico é induzir o seu leitor a apelar para a imaginação .Isto é , você esta alcançando este patamar ,apesar de minúsculas falhas . Continue descrevendo de forma moderada , para que o texto não se transforme descritivo demais e ,consecutivamente , tedioso . Au revoir , futura escritora .

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  2. Fico extremamente feliz em poder contar com as suas críticas e dicas, Liwis, tentarei levar para meu próximo texto, até mais!

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