terça-feira, 28 de maio de 2013

Beco


A noite já não lhe oferecia nada, seus atos sempre acabaram por afastar cada vez mais as pessoas e Vicenzo nunca foi de ter algum amigo ou colega por perto. Sempre agiu sozinho e seu orgulho é tão grande que nunca sobra lugar para qualquer outra coisa.

Andava sempre com aquela maldita bengala e seu tapa-olho, então era fácil de identificá-lo. Já lhe disseram pra sair da cidade, começar uma vida nova em outro lugar, mas ele ficava quieto e por incrível que pareça, parecia querer ficar ali no meio de pessoas que o odiavam. Ou era isso que elas aparentavam transmitiam pelo olhar.

E nisso ele saiu de um beco, sujo e com as mãos sujas de sangue, fechou seu sobretudo e caminhava normalmente enquanto uma ambulância chegava no local. Os paramédicos removeram um corpo ensacado enquanto os outros atendiam uma menina, que estava traumatizada porém estável e segura. A menina olhou em frente, avistou Vicenzo e gritou:

-Obrigada!



Rocha, Lucas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário