segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Bilhar

Maldita seja aquela pedra, agora tem um belo machucado no dedão. Até passou pela sua cabeça se mais alguma coisa poderia dar errado, mas preferiu não prestar atenção nisso com medo de que mais alguma coisa acontecesse, pois é, não adiantou. Estava distraído demais para notar que parou em frente a uma poça d'água quando tentava atravessar a rua, bem, já podem imaginar o resto.

Ficou mais um tempo parado tentando processar a informação do porquê essa maré de azar. Olhou para os lados, limpou o rosto, respirou fundo e atravessou a rua e procurou um banheiro disponível nos estabelecimentos a frente para se secar. Acabou entrando num bar ali na frente, praticamente o único lugar aberto nesse quarteirão.

Engraçado que apesar de ser apenas um banheiro de bar, aquele lugar lhe parecia familiar demais e incrivelmente reconfortante. Parou se olhou no espelho, estranhou porque parecia outra pessoa ou apenas se sentia tão diferente que nem se reconhecera. Ao abrir a porta do banheiro, sentiu-se renovado, disposto, a postos, queria uma cerveja. Aproximou-se do balcão e pediu uma cerveja, enquanto observava as pessoas passando na rua. 

Repentinamente, o som de bolas de bilhar se chocando lhe chamou a atenção, já tinha alguém ali quando chegou? Aquela pessoa estava jogando sozinho, debaixo de uma fraca luz que as vezes piscava. Mais uma jogada, mais um acerto e decidiu parar, levantou a cabeça e viu que Júlio o observava. Colocou o taco sobre a mesa e se aproximou devagar:

- Antes ter azar do que estar morto, não acha?


Rocha, Lucas.



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