Se recusava a acreditar que tinha descoberto a causa de todos os seus problemas e agora ele não consegue distinguir o que foi real ou não. Para ele, era inaceitável ter uma mente simulada, era como se tudo não fizesse mais sentido e todos os seus princípios tivessem sido inventados.
A mente simulada trabalha de uma forma que é indetectável em exames médicos e não apresenta sintomas nem efeitos colaterais. É como se alguma memória, de forma aleatória, fosse alterada ou surgisse, fazendo com que o ser acredite nela fielmente sendo até mesmo capaz de dar detalhes como hora e machucado leve no joelho esquerdo.
Ele então percebe que seus medos surgiram por causa de falsas memórias, mas se espalhou rapidamente, desenvolvendo uma crise de pânico e conflito com sua própria cabeça. Caiu de joelhos no chão e olhou para a janela, estava chovendo. Para qualquer um, isso seria apenas uma chuva. Mas não era.
Ele entrou em colapso mental ao ver a chuva, porque ela fez com que se lembrasse de uma noite chuvosa de verão, aonde fora assaltado e humilhado. Essa lembrança despertou outras do mesmo gênero, até o momento em que todas as vozes de todos os pesadelos que teve falassem ao mesmo tempo. Havia enlouquecido de vez.
Com as mãos na cabeça, puxava os cabelos, se debatia e gritava. Começou a se provocar dores achando que aliviaria essa. O peito então começou a coçar, se posicionou novamente de joelho, rasgou a camisa e viu que estava coberto de sangue. A dor era enorme, como se duas picaretas puxassem suas costelas para fora. Soltou mais um grito e então foi ao chão. O silêncio reinou no ambiente por um instante.
Uma música começa a tocar, todos os seus poros se arrepiam pela intensidade e insanidade que seus instrumentos aparentam passar. Devagar, ele se levanta e olha novamente para a janela, mas sem nenhuma expressão no seu rosto. Parou de chover.
Rocha, Lucas.

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